Tempos difíceis. A confusão
social está em todos os lugares. São tragédias, dando lugar a outras tragédias.
Pessoas agitadas, enervadas, em uma busca incessante por algo que nem sabem
identificar o que é. Uma insatisfação permanente. Estas são algumas das características
da nossa sociedade, também identificada
por estudiosos da comunicação como sociedade
pós-moderna, sociedade da informação e
ainda sociedade de consumo.
E de fato, podemos afirmar sem
muito esforço, que na nossa sociedade a
informação e o consumo estão atrelados um ao outro. Esta é a lógica que
fundamenta a comunicação de massa. Toda a informação vem recheada de mensagens
subliminares, criando necessidades, antes inexistentes. E o que é ainda mais
assustador, nos deparamos com um modelo
que vende e reproduz aquilo que execramos e que paradoxalmente está presente no
imenso “Big Brother” que tornou nossas vidas. Convivemos com ela, cada dia mais
naturalmente: a violência.
A mercadoria “violência” é apresentada com outras do tipo aparelhos
celulares, produtos de beleza, medicamentos naturais, tudo num pacote só. Ao
mesmo tempo em que se fala da vida ceifada, muda –se o ângulo, substitui-se o
semblante consternado por um grande sorriso e anuncia-se a última novidade em
assunto de beleza. Naturalmente! Um modelo de comunicação muito perigoso, que
segundo Horkheimer, nos traz o risco da padronização com apenas dois fins: a
rentabilidade econômica e o controle social.
Entretanto, é diante de um quadro
social doente como nosso, que os
profissionais de comunicação devem, estar atentos a ética da
informação. Do contrário, correm o risco de tornarem-se marionetes, joguetes
especializados em informações superficiais, alienantes e que passam a agir com
a falsa sensação de “super-herois”. Aqueles que tudo podem, estão acima do bem
e do mal. Ameaçam, chantageiam, agem com emoção e parcialidade, manipulando a
todo o momento a grande massa humana.
Profissionais desta “estirpe” ignoram
dentre outros, princípios como a responsabilidade social que é fazer o seu trabalho com consciência ética, responsabilizando-se pela informação
transmitida ao grande público, e tendo claro os vários interesses sociais. Ignoram
o respeito à privacidade e à dignidade humana, deixando de lado a proteção aos
direitos e a reputação dos outros, promovendo a calúnia e a difamação e ainda
ignoram o respeito ao interesse público quando passam por cima dos interesses da
comunidade, das instituições democráticas e da moral pública, em favor dos interesses econômicos, e de seus interesses
pessoais de ascensão profissional.
Pensar a
sociedade da informação requer cuidado, compromisso e responsabilidade. É
pensar no bem comum, pensar uma sociedade de direitos e deveres, que a cada dia
avança e busca se organizar nas suas reivindicações por uma vida digna, em que o
direito à comunicação significa o direito de buscar a informação, de opinar e o
direito de criticar . A mídia que tem
como princípio único a questão econômica, que passa por cima da dignidade
humana, que aliena, que vende, desconhece valores. Pode inclusive, na lógica da
mercadoria, substituir do dia para noite, a sua estrela, se o brilho desta já
não mais representar os anseios da sociedade de consumo.
Publicado no jornal "O Popular", edição do dia 03/11/2012, na coluna Opinião
Ilustração: Google
Publicado no jornal "O Popular", edição do dia 03/11/2012, na coluna Opinião
Ilustração: Google
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